Apelando à vossa paciência, deixem-me começar este artigo com uma pequena história pessoal. O início da minha carreira profissional de jornalista foi numa publicação feminina, daquelas que associamos ao mundo cor-de-rosa, embora, jornalisticamente falando, fosse um mundo mais negro do que cor-de-rosa. Foram 6 anos a escrever sobre temas tão variados como, por exemplo, sexo, novelas, relações, culinária ou medicina e perdi a conta ao número de entrevistas a figuras públicas (e a outras não públicas) que fiz nesse período. Mas, nesses anos todos, a mais interessante que tive a oportunidade de fazer foi a uma rapariga de 18 anos. Tinha ar de Lolita, era prostituta de luxo há algum tempo, fazia filmes fetichistas no estrangeiro e tinha escrito um livro – estava na moda na altura: ainda não havia As 50 Sombras de Grey, mas já havia O Doce Veneno do Escorpião da Bruna Surfistinha (ou Raquel Pacheco, se preferirem). Li o livro antes da entrevista e achei que ela tinha talento literário. Desconfiei da veracidade de algumas histórias, mas numa deambulação posterior pela Internet, vi, como diz o povo, “com estes olhos que a terra há de comer”, a prova em vídeo de um desses episódios rocambolescos. No tempo que durou a entrevista, tive na minha frente uma rapariga inteligente, tímida, com sentido de humor e com mais histórias de vida naqueles 18 anos do que eu agora com mais do dobro. Foi o artigo que mais prazer me deu escrever naquela meia dúzia de anos.
Este conteúdo é parte integrante da Exame Informática Semanal. Para continuar a ler clique AQUI (acesso livre)