Hugo Gonçalo Oliveira criou aquele que será, provavelmente, o primeiro gerador de poesia automático que “escreve” em português
O PoeTryMe está apto a gerar poesia em apenas um minuto. O novo software com pretensões artísticas foi desenvolvido nos laboratórios da Universidade de Coimbra pelo investigador Hugo Gonçalo Oliveira.
O comunicado da histórica universidade lembra que a aplicação cria poemas na língua portuguesa tendo por ponto de partida a análise de poemas de autores humanos. Os poemas criados pelo PoeTryMe respeitam as regras da construção frásica, padrões de versos e também os significados das palavras usadas.
Como prova da capacidade tecnológica da nova aplicação, os investigadores da Universidade de Coimbra dão a conhecer um soneto criado por PoeTryMe para assinalar o dia mundial da poesia que tem lugar amanhã:
«que a uma natural ou nativa
onde a estação da primavera
que coisa segue inspiração fera
artificial negra sem artífice
não há sinfonia sem harmonia
onde a composição da poesia
um dia natural outro postiço
um natural porto o nascidiço
com natural e puro coração
não fica chama nem inspiração
na sua harmonia apolínea
por mais poética que poesia
por mais simetria que harmonia
a linda máquina computador»
Mais do que concorrer com a poesia escrita por humanos, PoeTryMe pretende atuar como o gerador de poesia automático pode atuar como fonte de inspiração.
«Tem a capacidade de compor (poesia) com as mais diferentes configurações. Posso, por exemplo, definir um conjunto de palavras que defina o domínio do poema, indicar o nível de surpresa, escolher a forma poética – sonetos, quadras, etc. – e decidir o sentimento (negativo ou positivo) transmitido. No final da obra, o sistema ainda pode explicar a sua escolha de palavras», explica Hugo Gonçalo Oliveira.
O PoeTryMe já começou a explorar o mercado estrangeiro: depois de três anos de desenvolvimento, o gerador de poesia acabou de ser adaptado a castelhano com a ajuda de investigadores da Universidade de Madrid.
