TOI 700 d não deverá tornar-se tão depressa um destino sonante para uma agência de viagens, mas já despertou a atenção de cientistas e astrónomos da NASA, depois de ter sido revelado como o mais recente exoplaneta que se encontra a orbitar numa zona considerada habitável de uma estrela a mais de 100 anos-luz da Terra (o correspondente a mais de 946 biliões de quilómetros percorridos à velocidade da Luz). O TOI 700 d foi inicialmente localizado pelo Satélite de Busca de Exoplanetas em Trânsito (TESS, na sigla em inglês) e depois confirmado pelo Telescópio Espacial Spitzer, que também segue a bordo de um satélite. A descoberta deste exoplaneta, que poderá ter água em estado líquido à superfície, foi apresentada durante um evento da Sociedade Astronómica Americana, que está a decorrer no Havai.
A atribuição do nome TOI 700 d seguiu a nomenclatura seguida no meio astronómico, que promove o uso de denominações para planetas tendo em conta o nome das estrelas em que orbitam. Neste caso, o planeta TOI 700 d deve-se ao facto de orbitar em torno da estrela-anã TOI 700, que está situada na constelação de Dorado.
De acordo com a NASA, que opera o TESS com o apoio científico do MIT, TOI 700 d é um planeta com um volume 20% superior ao da Terra e recebe cerca de 86% da energia equivalente à que o Sol emite para a Terra. Este exoplaneta aparentemente habitável precisa apenas de 37 dias para completar uma translação em torno do astro em orbita.
Os dados recolhidos pela NASA revelam que TOI 700 d não está só nas órbitas que desenha em torno da sua estrela. O TESS detetou ainda mais dois planetas que orbitam em torno da mesma estrela anã. Numa órbita mais próxima da estrela encontra-se ainda o planeta TOI 700 b, que é possivelmente rochoso e tem dimensões muito similares à da Terra, mas precisa apenas de 10 dias para completar uma órbita; e ainda um segundo planeta possivelmente gasoso, com 2,6 vezes as dimensões da Terra, e que demora apenas 16 dias a concluir uma órbita. Este segundo planeta, dá pelo nome de TOI 700 b.
A descoberta do novo planeta potencialmente habitável só foi possível depois de a NASA proceder a correções na base dados produzida pelo TESS. Originalmente, a estrela TOI 700 estava classificada como tendo uma dimensão similar à do Sol – o que levou a estimar os planetas que orbitam em torno dessa estrela como sendo maiores e mais “quentes”. As revisões levadas a cabo por investigadores credenciados e também pelo estudante do ensino secundário Alton Spencer acabaram por detetar um erro nas estimativas das dimensões da TOI 700 – e esse fator revelou-se providencial na classificação da estrela e dos expoplanetas.
Os investigadores da NASA desenvolveram 20 modelos em ambiente de simulação com o objetivo de prever o que pode ser encontrado em TOI 700 d. Um dos modelos aponta para a existência de um oceano coberto de nuvens que se movimentam progressivamente zona que se encontra exposta à estrela. Um segundo modelo revela um planeta que poderá não ter um oceano, mas tem a face virada para a estrela coberta de dia – o que significa que de noite deverá ficar exposta a um céu sem nuvens.
Todas estas simulações ainda terão de ser confirmadas através da análise de dados espetrais recolhidos pelos telescópios terrestres ou que seguem a bordo de satélites – só com essa informação será possível confirmar se os três planetas realmente têm uma atmosfera, como a idealizada pelos modelos produzidos pelas simulações de computador.