A Força Aérea dos EUA vai disponibilizar um satélite para que seja atacado por investigadores de segurança informática. E se alguém conseguir sequestrá-lo, ganhando acesso à câmara a bordo e ao sistema de rotação do equipamento, tanto melhor.
A promessa é de Will Roper, secretário assistente da Força Aérea americana para as áreas de aquisições, tecnologia e logística. E o “palco” também já está escolhido: o grande ataque vai acontecer na edição do próximo ano da Defcon, um dos maiores eventos de cibersegurança do mundo e que se realiza em Las Vegas, nos EUA.
«Temos de ultrapassar o nosso medo de permitirmos que especialistas externos nos ajudem na segurança. Ainda estamos a usar procedimentos de cibersegurança da década de 1990», disse Will Roper em entrevista à publicação Wired. «Temos um modelo muito fechado. Partimos do princípio que se criarmos coisas à porta fechada e ninguém lhes tocar, vão ser seguras. Isso pode ser verdade em certa medida para o mundo analógico. Mas num mundo cada vez mais digital, tudo tem software.», acrescentou.
A ideia de disponibilizar um satélite em órbita para ataques em tempo real surgiu depois de uma experiência semelhante e bem sucedida que teve lugar na mais recente edição da Defcon, que decorreu em agosto. A Força Aérea disponibilizou um sistema de troca de informação de um caça F-15 para um grupo de sete hackers – com as vulnerabilidades encontradas, eram capazes de desligar o avião de combate.
Mas o ataque ao satélite vai passar por uma fase de seleção. Em breve, diz a Wired, a Força Aérea vai abrir uma fase de “candidaturas”, na qual investigadores de segurança informática – que terão de passar por um processo de verificação de histórico – vão explicar como tencionam atacar o satélite ou a estação base na Terra..
Os hackers com as ideias mais viáveis vão depois ser convidados para uma primeira fase de ataques, onde já terão acesso a alguns dos principais componentes da estrutura do satélite – algo que ocorrerá seis meses antes da Defcon. Os melhores desta fase asseguram depois um lugar na fase de “ataque ao vivo”, que vai decorrer em agosto de 2020.
Will Roper diz que os investigadores tanto podem tentar atacar diretamente o satélite – o modelo não está escolhido –, como apostar antes na estação de comunicação que está situada em solo terrestre. «O que eles vão tentar fazer é ganhar controlo do satélite da forma como bem entenderem.»