O Twitter está a financiar uma equipa de cinco pessoas que têm como objetivo criar um protocolo que permita criar redes sociais descentralizadas, isto é, em que o controlo da plataforma não está do lado da empresa, mas sim do lado dos utilizadores. A novidade foi partilhada por Jack Dorsey, nesta quarta-feira, através de uma série de mensagens no Twitter.
«O valor das redes sociais está a passar do alojamento e remoção de conteúdos para recomendações de algoritmos direcionadas à atenção de cada um. Infelizmente, estes algoritmos são, tipicamente, proprietários, e não é possível escolher ou criar alternativas. Ainda.», justificou o CEO daquela que é uma das principais redes sociais da atualidade.
O conceito de redes sociais descentralizadas não é novo, sendo uma das mais conhecidas a Mastodon – justamente uma alternativa ao Twitter. A Mastodon funciona segundo um sistema de federeção: os utilizadores podem montar as suas próprias versões da Mastodon, em que as regras variam de versão para versão, mas todas estas versões conseguem comunicar entre si graças ao protocolo aberto da “federação”.
Outra forma de entender o conceito de descentralização é pensar no email: apesar de existirem diferentes fornecedores de serviço – Gmail e Outlook, por exemplo –, o facto de assentarem no mesmo protocolo significa que os utilizadores podem enviar mensagens entre si.
Jack Dorsey está convencido que ao juntar pessoas de diferentes especialidades, como engenheiros e designers, é possível criar um protocolo que permita às redes sociais seguirem um modelo de descentralização. «Surgiram novas tecnologias que tornam a abordagem descentralizada mais viável. A blockchain aponta para uma série de soluções descentralizadas de alojamento aberto e duradouro, governação e até monetização. Há muito trabalho para ser feito, mas o fundamental está lá», sublinhou.
A equipa que está a ser financiada pelo Twitter recebeu a denominação de BlueSky e está a ser liderada por Parag Agrawal, diretor de tecnologia da rede social.
«Porque é que isto é bom para o Twitter? Permite-nos aceder e contribuir para um corpo maior de conversação pública, focar os nossos esforços na construção de algoritmos de recomendação abertos que promovem uma conversação saudável e vai forçar-nos a ser mais inovadores do que no passado», disse ainda o CEO, que no entanto deixou o aviso: vão ser necessários vários anos até que uma transição para um modelo descentralizado possa acontecer.