Death Stranding é o jogo mais aguardado dos últimos anos e há boas razões para sê-lo: é a mais recente obra a sair da mente do icónico Hideo Kojima, responsável pela saga Metal Gear; criou um frenesim considerável na comunidade de gaming assim que foram partilhadas as primeiras imagens; e está envolto numa redoma quase impenetrável de secretismo. A Exame Informática teve oportunidade de jogar várias horas ao título nas últimas semanas e partilha agora as primeiras impressões do jogo.
Podemos começar por dizer, de forma elogiosa, que este é um jogo diferente de todos os outros – aqui não há um sentimento de “isto está igual ao que já vimos” (sim, PES, isto é uma indireta tornada direta para ti). O enredo é complexo e intricado, já que estamos a falar de um cenário futurista onde o planeta foi vítima da Maré da Morte (ou, como refere o título do jogo, Death Stranding), o que impacta a maneira como a humanidade vive. Sem revelarmos demasiado do argumento, porque acreditamos que sermos surpreendidos neste campo melhora muito a experiência de utilização, podemos dizer que há coisas tão alucinantes como: chuva do tempo, que é capaz de envelhecer uma pessoa quando entra em contacto com a pele; espectros fantasmagóricos (há um toque assustador que remete para o imaginário da demo de PT) junto aos quais é necessário suster a respiração para não ser detetado; e um feto numa caixa de transporte e cujo cordão umbilical ligamos ao fato da personagem principal para nos ajudar a ver essas criaturas maléficas… Já dá para perceber que a mente de Kojima é particularmente sui generis, certo?
Ao jogador cabe conduzir os destinos de Sam, que é descrito como «o homem que entrega» – sim, é basicamente um estafeta que faz entregas, embora em condições muito peculiares, tendo em conta a premissa do jogo. Além disso, a personagem principal, interpretada por Norman Reedus (ator que se popularizou pelo papel desempenhado em The Walking Dead) é um repatriado, ou seja, tem a capacidade de ressuscitar, um processo que graficamente está apresentado de uma forma que nos fez soltar um “WTF?!” quando assistimos a ele pela primeira vez.
A nível de gráficos, Death Stranding impressiona desde o primeiro momento, já que coloca Sam a andar pelas montanhas e o bom trabalho da Kojima Productions a retratar a natureza está visível na textura da erva, na corrente da água, na inclinação das pedras, etc. – neste campo, a bitola está ao nível do que já vimos, por exemplo, em Red Dead Redemption 2 ou The Last of Us Remastered.
O que mais sobressai nas horas iniciais de jogo de Death Stranding é o elevado grau de atenção ao detalhe. Não só nos gráficos, nos efeitos sonoros e no enredo, mas, principalmente, na forma como temos de gerir determinados parâmetros de Sam. Por exemplo, ele tem de tomar banho e satisfazer necessidades fisiológicas com regularidade para eliminar químicos prejudiciais à saúde (sim, é possível colocar Sam a urinar de cima de uma montanha, como se pode ver na imagem abaixo), sendo que também tem de ter cuidado com o seu sangue para evitar ficar anemia, o que lhe retira forças para transportar as diferentes cargas.
Claro que tanto pormenor se reflete no decurso da ação, ou, para sermos mais exatos, na falta dela nos capítulos iniciais. É que há tantos aspetos diferentes para dominar que ficamos com a sensação de que passamos as primeiras horas de jogo apenas a dominar conceitos. É como se tivéssemos apenas a arranhar a superfície para a ação que arrancará mais tarde. E há algo que nos causa particular estranheza: num mundo recheado de tecnologia futurista onde quase tudo é diferente do quotidiano atual, por que raio aparecem latas de Monster para beber? Fica um cheiro de ‘product placement’ barato no ar que não se coaduna com o resto da obra.
Mas é um jogo que nos faz querer voltar a pegar nele sucessivamente para avançar com a história e ver até onde a imaginação de Kojima é capaz de ir. Pode ler a análise completa ao jogo na próxima edição da Exame Informática.