A 4Tune começou a funcionar no mesmo mês e no mesmo ano em que Mark Zuckerberg lançou o Facebook. A empresa lisboeta não tem pretensões em competir com a maior rede social do mundo no que toca à faturação ou ao número de clientes, mas já garantiu algumas vitórias que lhe auspiciam um futuro promissor: nos últimos 11 anos, mais de 60 projetos foram desenvolvidos junto da indústria com o objetivo de afinar ou remodelar processos de fabrico e produção.
João Machado, um dos diretores da empresa dá um exemplo daquilo que a 4Tune pode fazer: «Imagine que um dos nossos clientes tem uma receita para produzir um determinado comprimido. Por vezes, essa receita pode falhar devido à falta de qualidade da matéria-prima ou a qualquer outro fator que afeta a linha de fabrico. No caso de perder um lote de comprimidos devido à falta de qualidade, esse cliente arrisca-se a perdas que podem chegar a milhões de euros».
Não é por acaso que João Machado dá um exemplo retirado do setor farmacêutico: até à data, é nesta indústria que a empresa de consultoria técnica tem tido maior sucesso. O que não invalida a pretensão de diversificar o negócio e chegar a diferentes setores com plataformas que tratam dados estatísticos e produzem algoritmos que permitem saber o que está a correr menos mal numa linha de fabrico e desenvolver mecanismos que aumentam a produtividade ao mesmo tempo que reduzem a taxa de produtos defeituosos.
«Recorremos a técnicas avançadas de modelação, que permitem estabelecer uma causa e um efeito, e apresentamos uma solução para cada problema que encontramos», acrescenta João Machado, um dos diretores da consultora.
Merk, Roche e Milipore ou Galp são alguns dos nomes sonantes que já recorreram aos préstimos da empresa portuguesa. No total, os clientes da 4Tune terão poupado mais de 700 milhões de euros com a afinação dos diferentes processos de fabrico.
Em 2014, a empresa liderada por José Cardoso Menezes decidiu dar mais um passo com o objetivo de potenciar a sua faturação (cerca de 700 mil euros em 2014) e aumentar as poupanças dos clientes – e foi assim que surgiu a plataforma iSee.
A iSee mais não faz do que dar resposta a duas importantes lacunas da indústria: 1) agrega automaticamente a informação que costuma estar guardada de forma estanque nos diferentes módulos de uma linha de produção… e que pode demorar semanas a compilar manualmente; e 2) apresenta a informação com uma interface adaptada ao perfil de cliente – o que as maiores marcas de software de gestão e de bases de dados não consegue.
Todos os dados recolhidos pelos sensores dispersos pelas linhas de montagem são, depois, encaminhados para a iSee, onde um ou mais profissionais de uma empresa podem saber o que se passa a cada momento através de uma simples ligação à Net. No limite, a iSee pode atualizar os dados sobre uma linha de fabrico de segundo a segundo. João Machado está otimista quanto ao novo negócio que se perfila com a iSee: «Ainda antes de o processo de fabrico de um produto terminar, já a nossa plataforma consegue indicar qual a qualidade que esse produto vai ter».