Todd Cleary da Califórnia, Jun Bai do Delaware e Thomas Davidson da Pensilvânia são de regiões muito diferentes dos Estados Unidos, mas têm algo em comum: são donos de iPhones que sofrem da “doença do toque”, ou seja, smartphones da Apple que têm um defeito que faz com que o ecrã deixe de responder ao toque do utilizador. Como isto leva a que os terminais deixem de ser capazes de executar as funções para as quais foram adquiridos, estes americanos decidiram processar a Apple por fraude e violação dos direitos dos consumidores, acusando-a de estar consciente da falha e de nada fazer para a corrigir.
Refira-se que o problema foi inicialmente detetado pelo iFixit, um website especializado em reparações, que deu conta que a “doença do toque” (“touch disease”, no original) afeta os iPhones 6 e, especialmente, os iPhones 6 Plus. Os smartphones afetados ficam com uma barra cinzenta no topo do ecrã, mas os especialistas salientam que a raiz do problema não está nos ecrãs em si e sim nos chips que interpretam os toques e os transformam em ações. Uma vez que os chips não estão devidamente seguros à placa nos modelos afetados, os sinais enviados pelo utilizador são perdidos. O iFixit adianta que colocar pressão no ecrã ajuda a resolver temporariamente o problema, mas não o elimina completamente.
Isto tem feito com que alguns utilizadores tenham recorrido a lojas de reparação em busca de uma solução, já que a Apple ainda não reconheceu oficialmente a falha e tem-se recusado a reparar os terminais afetados. A questão que se levanta com esta atitude é que estas reparações não são simples e implicam o recurso a ferramentas específicas e acesso aos esquemas técnicos do iPhone, que é algo que a marca da maçã não fornece. Ou seja, sem o suporte da Apple, muitas destas lojas acabam por ter se guiar por esquemas que não são oficiais, com os riscos que isso acarreta. Contudo, importa salientar que o fabricante não é obrigado a revelar estes dados a terceiros, já que tal poderia ser encarado como uma divulgação de segredos comerciais.
Nos fóruns de tecnologia já se podem encontrar opiniões díspares. Alguns consumidores queixam-se que tiveram o mesmo problema e que a Apple não lhes trocou o equipamento, enquanto outros referem que tiveram direito a um telemóvel novo. E, claro, há até quem defenda que a “doença do toque” não passa de um embuste e que esta falha não afeta nenhum dos iPhones.