Helder Simões Santos, responsável pelas Vendas da Motorola em Portugal, não tem dúvidas: as antenas e as estações base que compõem a Rede Nacional de Emergência e Segurança (RNES, conhecida por SIRESP) tiveram o desempenho previsto durante os vários fogos que assolaram o País durante o Verão.
«Tecnologicamente, a parte de infraestrutura (da SIRESP) respondeu exatamente como deveria ter respondido, degradando o nível de serviço para um nível abaixo, e entrando em modo local. Esse é o modo de funcionamento da rede, é assim que é suposto funcionar», reiterou o líder da Motorola Solutions em Portugal, à margem da inauguração do Centro de Inovação da Motorola em Londres.
Durante a conversa com os jornalistas, Simões Santos fez questão de distinguir «a infraestrutura» e «a rede» da SIRESP. Na gíria das telecomunicações, a infraestrutura agrega antenas e estações-base que processam sinais de rádio;e a rede é composta pelos cabos que ligam as centenas de estações-base e antenas dispersas pelo País.
Na modalidade adotada pelo contrato assinado na década passada, as estações-base e antenas da SIRESP entram em modo local, quando os cabos que as ligam são cortados ou derretidos (que foi o que aconteceu nos incêndios de Pedrógão, Alijó e Mação). No modo local, as comunicações de cada antena estão limitadas aos operacionais que se encontram dentro de uma cobertura máxima de 30 quilómetros. O que significa que um operacional que se encontra num local com cobertura restringida ao modo autónomo apenas consegue comunicar com outros operacionais que tenham terminais ligados à mesma antena – e não consegue comunicar com os centros de comando ou com outros contingentes que se encontrem em áreas cobertas por outras estações-base/antenas.
A Motorola, enquanto acionista da SIRESP SA, fornece antenas e estações-base para a RNES. Em contrapartida, os cabos da RNES são mantidos pela Meo/Altice, que também é acionista da SIRESP SA.
«É público que a fragilidade que a rede apresentou foi efetivamente nas quebras nos circuitos», referiu Simões Santos. O responsável da Motorola lembrou ainda que a resiliência de uma rede está dependente da existência de pontos de vulnerabilidades, que provocam a quebra de ligações. «Eliminando estes pontos, a rede passa a ter redundância». O responsável da Motorola admite que seja possível criar redundâncias para a rede e para os cabos que a constituem, mas também sublinha que a Motorola não fornece a tecnologia de transmissão (os cabos). «É um âmbito de que não consigo falar com propriedade», acrescenta.