A sugestão acaba de ser feita por investigadores da Universidade do Oeste da Inglaterra: e se o tempo passado nos transportes públicos a mandar e-mails para colaboradores, parceiros ou clientes passar a ser contabilizado para efeitos de horário de trabalho e remuneração?
A proposta surgiu depois de um estudo que abrangeu um total de 5000 pessoas que se costumam deslocar-se diariamente de casa para o trabalho em transportes públicos – os denominados “commuters” que acabaram por ver a jornada de trabalho expandida, devido à disponibilização de acessos à Net gratuitos em comboios, autocarros e metros.
O estudo apurou ainda que 54% dos utentes de comboios costumam usar os acessos de Wi-Fi gratuitos para trabalhar. E esta percentagem até poderá pecar na descrição da realidade, uma vez que haverá quem use os acessos à Net das redes de telemóveis para tratar de assuntos relacionados com a profissão, recorda a BBC.
Juliet Jain, investigadora da Universidade de Inglaterra do Oeste de Inglaterra, admite que a expansão da Internet e dos telemóveis pode estar a sobrecarregar as pessoas com horas de trabalho extraordinárias, em vez de promover a flexibilidade do horário de trabalho. Só que a solução para este fenómeno está longe de ser simples. «Como é que contabilizamos esse tempo (de trabalho nos transportes públicos)? Será que a nossa cultura relacionada com o local de trabalho precisa de mudar?», apontou a investigadora quando questionada pela BBC.
Juliet Jain recorda que a contabilização do trabalho em transportes públicos teria o condão a aliviar o tráfego nas horas mais congestionadas, mas também poderia levar diretores e patrões a criarem mecanismos de controlo de profissionais fora do horário de trabalho.
A própria investigadora admite que ainda muito trabalho a ser feito em torno de uma eventual alteração da legislação laboral: «Esta flexibilidade crescente tem o potencial para transformar radicalmente para melhor o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal – mas também deixa a porta aberta para o stress e para baixa produtividade» sublinha Janet Jain.