Rui Pinto é representado por Francisco Teixeira da Mota e por William Bourdon, que representou Julian Assange e Edward Snowden. É precisamente um estatuto semelhante ao destas duas figuras que os advogados pretendem pedir para o hacker português. A legislação europeia prevê este estatudo para pessoas que ponham a nu práticas de duvidosa legalidade com manifesto interesse público. No caso do Football Leaks, foram divulgados 70 milhões de documentos com informações críticas sobre o mundo do futebol e que deram origem a investigações em todo o mundo.
Os advogados de Rui Pinto realçam em comunicado «o incrível paradoxo que resulta da tentativa de criminalização do seu cliente, quando, na verdade, o seu gesto cívico e as suas revelações permitiram a numerosas autoridades judiciais europeias um avanço histórico no conhecimento das práticas criminosas no mundo do futebol». A Doyen Investment Sports, que financia passes de jogadores e treinadores de futebol, apresentou uma queixa contra Rui Pinto pela divulgação detes documentos.
O comunicado da defesa salienta ainda que Rui Pinto é um «jovem português amante de futebol» e que se sente «indignado com práticas vigentes neste desporto». Os advogados explicam que desde que foi lançado o Football Leaks em 2005, o seu cliente foi seriamente ameaçado, sendo o seu silêncio o objetivo de muitos intervenientes no mundo do futebol.
No panorama nacional, recorde-se que o SL Benfica traçou ligações entre Rui Pinto e os departamentos de comunicação de FC Porto e Sporting, deixando no ar a teoria de que terão sido os principais rivais a “encomendar” o trabalho do hacker que terá roubado os emails do clube encarnado. Do lado do FC Porto, o clube azul e branco desmarcou-se destas acusações reiterando ter recebido os documentos e tê-los entregue logo de seguida às autoridades policiais em diferentes momentos. Recorde-se que o Porto Canal foi o primeiro a revelar estes emails que alegadamente expõem práticas menos lícitas por parte do emblema encarnado.