A loja de apps Faurecia Aptoide ainda está em fase de conclusão, mas já não deverá muito a garantir os primeiros utilizadores: «já temos um primeiro cliente muito relevante, que figura entre as maiores marcas de automóveis», explica Paulo Trezentos, líder e fundador da Aptoide, quando questionado pela Exame Informática.
O empresário não revela o nome, mas o contrato com a marca de automóvel é revelador da principal novidade da tecnológica portuguesa: o anúncio de um consórcio com a Faurecia, uma grande produtora de tecnologias e componentes que fornece boa parte das marcas de automóveis da atualidade, com o objetivo de desenvolvimento de uma loja de apps que pode ser usada através dos sistemas de informação e entretenimento dos automóveis. Faurecia Aptoide é o nome da loja. O consórcio vai contar com uma unidade de desenvolvimento com 15 pessoas em Lisboa.
«Achamos que a nossa loja vai ser carregada de origem nos carros. Até porque dessa forma torna-se mais fácil aceder aos sensores dos carros (para desenvolver serviços ou funcionalidades)», explica o responsável pela Aptoide.
À semelhança da Aptoide, a nova loja de apps especializada em carros terá como principal concorrente de peso o Android, da Google. A Faurecia Aptoide pretende operar como membro da família de tecnológica Android Open Source Project (AOSP), que tem várias marcas que a versão aberta do sistema operativo da Google para concorrer na venda de apps com a… própria Google.
Paulo Trezentos está convicto de que chegou o momento de apostar fortemente no desenvolvimento de lojas alternativas àquelas que são disponibilizadas pelo Android Automotive: «Os carros estão num momento de transformação. Tem-se falado muito nos carros elétricos e nos carros autónomos, mas há um fator tão ou mais importante que o aparecimento dos carros conectados. Se os carros passam estar conectados através de cartões SIM iguais aos que temos nos telemóveis, então as pessoas vão passar a querer descarregar apps».
Apps que detetam o momento de sair do parque de estacionamento, ou que permitem encomendar comida em take-away tendo em conta a distância, ou que indicam as bombas com combustível mais barato das imediações são apenas alguns dos exemplos de apps que Trezentos apresenta como prováveis em lojas de apps de automóveis.
Apesar de reiterar «respeito» pelas questões de cibersegurança, o empresário descarta qualquer receio quanto a possíveis ataques a automóveis que venham a explorar as apps distribuídas pela Faurecia Aptoide.
«A cibersegurança sempre foi trabalhada pela Aptoide. E os fabricantes de automóveis também estão muito ativos. Além disso, os carros costumam separar a parte da informação e dos entretenimento da parte de controlo do carro. Nalguns casos essa separação é feita por software, e noutros é feita uma separação mesmo física», acrescenta Paulo Trezentos.