Comprava um televisor com Android? A Sony, a Sharp e a Philips acreditam que o sistema operativo da Google pode fazer toda a diferença – e em 2015, vão poder comprovar se essa previsão faz ou não sentido.
As três gigantes do segmento dos televisores confirmaram no Consumer Electronic Show (CES), que está a decorrer em Las Vegas, que vão estrear, durante 2015, ecrãs inteligentes que têm em comum não só algumas funcionalidades dos telemóveis e de outros dispositivos que se conectam à Internet, mas também o nome do sistema operativo que mais cresceu nos últimos cinco anos.
Nalguns casos, a aposta no Android TV está longe de ser uma mera experiência. Um exemplo: no roteiro da Sony para 2015, consta o lançamento de 20 modelos de televisores inteligentes que correm em Android (quatro deles com 4K, recorda o Guardian). Conclusão: só os modelos mais baratos da Sony não terão Android TV – e eventualmente também não terão a interatividade típica de uma smart TV.
Ao garantir o apoio de três dos grandes fabricantes de televisores, a Google dá um grande passo para a expansão do Android além das fronteiras demarcadas por tablets e telemóveis – e tudo leva a crer que, ainda em 2015, surgirão novas tendências e hábitos de consumo que tiram partido da conjugação tecnológica e da partilha de conteúdos entre ecrãs pequenos (telemóveis), médios (tablets) e grandes (televisores).
Para que o ecossistema Android TV fique completo, a Google terá ainda de garantir o apoio de mais duas grandes marcas das imagens em movimento: a Samsung e a LG. No caso da LG não há ainda notícias sobre qual a a decisão que será tomada; quanto à Samsung, a questão é mais sensível: a marca sul-coreana já deu a conhecer na mesma CES, televisores com sistema operativo Tizen, que à semelhança do Android, também é um derivado do Linux. O que permite perspetivar um duelo de titãs: conseguirá a Samsung, que tantos telemóveis vendeu com Android nos últimos anos, impor o Tizen através dos televisores?
Uma coisa é certa: a Google também já não terá muita margem de manobra no que toca à Android TV. Em junho, a gigante de Mountain View promoveu um primeiro lançamento da plataforma que torna os televisores inteligentes através da set top box Google Nexus Player – cujos resultados terão estado ficado aquém das expectativas e também da procura de um outro produto sucedâneo da Google, que dá pelo nome Chromecast. Tendo em conta que, desde 2010, a Google já lançou três versões do Android TV – e todas elas com resultados comerciais pouco memoráveis – tudo leva a crer que o sistema operativo chegou à hora da verdade.
Martin Garner, analista da consultora da CCS Insight, descreve, em declarações reproduzidas pelo Guardian, o desafio que um produtor para sistemas operativos, tem pela frente quando entra no segmento da televisão: «Há a ideia de que a inteligência nos televisores pode não ser a mesma inteligência nos telemóveis. Nos telemóveis, tudo está relacionado com as apps. Nos televisores, o uso de apps exige uma experiência de utilizador que oscila entre modo TV e o modo das apps tradicionais – e não tem tido um grande sucesso».