Recuemos até 1978. Amar Bose apanha um voo para a Europa e coloca os auscultadores fornecidos pela companhia aérea, constatando que o som gerado pelos motores a jato o impediam de desfrutar do áudio. O episódio serviu de rastilho para Bose – engenheiro elétrico e de som, professor do MIT e fundador da empresa com o seu apelido – começar a trabalhar imediatamente numa solução que permitisse aos próprios auscultadores serem um agente de redução de ruído. Na década seguinte, o produto chega ao mercado.
Desde aí até agora, a tecnologia não tem parado de evoluir, se bem que o princípio mantém-se relativamente inalterado. Dito de uma forma simplista, um altifalante emite uma onda sonora com a mesma amplitude e fase inversa do som original. Estas ondas combinadas formam uma nova e acabam por cancelar-se uma à outra através de um efeito chamado interferência.
Importa então fazer uma distinção entre cancelamento de ruído passivo e ativo: o passivo obtém a redução do som indesejado através de materiais de isolamento, enquanto o ativo recorre a uma fonte de energia.
Os sistemas de cancelamento ativo de ruído modernos possuem algoritmos que permitem adaptar-se aos diferentes ruídos e gerar sinais com a polaridade invertida do som original (captado pelos microfones incorporados nos auscultadores); estes são depois amplificados para o transdutor criar uma onda sonora diretamente proporcional à amplitude da onda sonora original. Isto permite gerar o antirruído e reduzir o volume do barulho incomodativo.
Cada fabricante personaliza a tecnologia à sua maneira e tem maior ou menor sucesso, mas há que ter noção que nenhum deles consegue o resultado milagroso de um silêncio total. São, todavia, uma boa opção para quem viaja com frequência e quer conseguir ouvir música sem que ela acabe abafada pelo som inerente ao avião, comboio ou autocarro. Refira-se que o cancelamento ativo de ruído está particularmente vocacionado para lidar com frequências baixas, enquanto o passivo recorre aos já mencionados materiais isolantes para impedir que as frequências altas cheguem aos ouvidos dos utilizadores.
Nota: Este conteúdo foi originalmente publicado na Exame Informática 270