Foi um parto difícil. O projeto original foi cancelado em 2002 e só em 2005 o Spektr-RG (ou SXG, do russo Spectrum+Röntgen+Gamma) foi retomado. A missão de observação astronómica, criada por cientistas russos em colaboração com investigadores alemães, foi lançada para o Espaço a 13 de julho. A contar dessa data, serão necessários 100 dias até o equipamento chegar a Lagrange 2, que é um dos cinco pontos espaciais próximos de um sistema orbital de dois corpos massivos e que fornece um ambiente estável a nível de mudanças de temperatura para o Spektr-RG operar. Será a partir desse local, a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, que os cientistas vão monitorizar, durante seis anos e meio, o Espaço com a expetativa de descobrir 100 mil clusters de galáxias, centenas de milhares de estrelas ativas e mais de três milhões de buracos negros supermassivos. Além disso, os investigadores responsáveis pelo programa acreditam que este satélite vai ajudar a perceber melhor a distribuição da matéria no universo, a influência da energia negra na expansão cósmica e a formação dos buracos negros. Em suma, um mapeamento mais preciso do cosmos.
Para recolher toda esta informação, o Spektr-RG vai, dito de forma simplista, recorrer a raios-X para “digitalizar” o Espaço. Na prática, este equipamento está construído como um telescópio 2-em-1. Assim, a maior parte do chassis é ocupada pelo sistema eRosita, desenvolvido pelos alemães, a que se junta o hardware ART-XC, criado pelos russos. Ao trabalharem em conjunto, vão mapear a radiação que flutua pelo cosmos no intervalo de energia de 0.2 a 30 keV (eletrão-volt). Ao longo de seis meses, este telescópio de raios-X vai fazer um levantamento completo dos céus, processo que irá depois repetir consecutivamente para ir melhorando o grau de detalhe obtido.
Além da importância científica, há também uma componente geopolítica a ter em conta, uma vez que a Spektr-RG representa igualmente um potencial ponto de viragem na história da exploração espacial, pois coloca a Rússia e a Alemanha na liderança da corrida da observação do Espaço.
É importante porque…
Este telescópio de raios-X vai monitorizar o Espaço com o intuito de descobrir, entre outras coisas, 100 mil galáxias, centenas de milhares de estrelas ativas e mais de três milhões de buracos negros supermassivos. Ou seja, será uma ferramenta decisiva para um mapeamento mais preciso do cosmos.
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