Sean Rad sobe ao palco. O auditório está à pinha, com cinco mil pessoas em silêncio. Até que surge a pergunta: «Quem é que nunca usou o Tinder?» Levantam-se várias mãos. «Quem é que já usou o Tinder?». Levantam-se menos mãos, mas ainda em número considerável. «E quem é que já descobriu o amor no Tinder?» Há poucas mãos no ar. O burburinho espalha-se pela plateia até Steven Bertoni, jornalista da Forbes convidado pela Web Summit, de Dublin, iniciar a tão aguardada entrevista e ouvir o líder da Tinder dar uma perspetiva diferente dos resultados apurados naquele inquérito informal à plateia: «Fizemos um estudo a 3500 utilizadores do Tinder, com os dados anonimizados, e apurámos que 80% dos nossos utilizadores procuram relações duradoiras e que 20% procuram amizades… mais rápidas». A plateia desata a rir.
Sean Rad voltou para po Tinder – e isso já não é notícia. Mas é notícia a evolução que a plataforma de encontros – sejam eles duradoiros ou rápidos – poderá vir a ter nos tempos mais próximos: a grande novidade dá pelo nome de superlike, uma nova ferramenta que Rad admite ser equivalente a pagar um copo a um desconhecido num bar e que é muito mais reveladora dos reais intentos de quem pretende conhecer outra pessoa. Mas há mais: o Tinder está a trabalhar numa grande alteração do algoritmo usado pela plataforma que promete aumentar em 30% a probabilidade de dois perfis compatíveis se descobrirem.
«Não estamos empenhados em ter mais perfis compatíveis mas sim garantir novas formas de conexão entre perfis. Sair e ter encontros é divertido. Aqui o truque é descobrir o que podemos fazer para ter o maior impacto na audiência», explica o líder do Tinder.
Por mais de uma vez, Rad recorda o entusiasmo de uma equipa que sabe que o seu trabalho tem impacto na vida das pessoas, a ponto de as mudar com a descoberta da tal relação duradoira que 80% dos utilizadores dizem procurar. «Uma pessoa que se conhece no Tinder não se esquece nas semanas seguintes», garante o líder da plataforma de encontros. Os números parecem confirmá-lo: o Tinder garante hoje 1,5 milhões de encontros por semana; um milhão desses encontros envolvem pessoas que nunca se tinham encontrado; meio milhão desses “dates” resultam em segundos encontros.
Teria sido interessante ouvir Sean Rad falar sobre a escassez de mulheres que aderem à plataforma, da criação de perfis falsos, do dinheiro que o Tinder já fatura atualmente… mas Sean Rad apenas garante que a empresa está saudável do ponto de vista financeiro e que em breve poderá avançar com um serviço pago que dá pelo nome de Tinder Plus.
As imitações não assustam Sean Rad – nem sequer os derivados que permitem encontros entre pessoas com barba ou mesmo entre cães. «Não nos preocupam as imitações. Queremos apenas ser 10 vezes melhores», atesta.
Sean Rad sabe que o Tinder só melhora se as pessoas o usarem – e se a taxa de sucesso na busca da cara metade aumentar. Em jeito de conselho matrimonial, deixa por fim uma dica para quem quer criar um perfil: «sejam vocês próprios. Há muitas coisas que vão muito para lá da aparência. As pessoas conseguem detetar quando não somos nós próprios».
Seguramente que Rob Lloyd não teve de se esforçar muito para ser ele próprio e convencer os acionistas da Hyperloop a entregarem-lhe a liderança da empresa que pretende construir um meio de transporte de passageiros e carga capaz de superar os 1000 quilómetros por hora. Na conferência de imprensa que também serviu para reforçar a imagem pública do recém-empossado líder da startup futurista, a cúpula da Hyperloop retomou a promessa de iniciar os primeiros testes no próximo ano e adiantou ainda uma segunda previsão: «entre 2017 e 2020, deveremos iniciar a construção de três projetos para o uso do Hyperloop».
Rob Lloyd esclarece que a expansão do novo modo de transporte não se limita à produção dos veículos: «temos de garantir parcerias com entidades públicas e privadas tanto na exploração como na construção das várias infraestruturas».
Os apoios e parcerias ainda estão a ser negociados. Rob Lloyd não tem receio da concorrência: «É possível alguém criar um concorrente da Hyperloop, mas sem a nossa talentosa equipa será bem mais caro». Num projeto de centenas de milhões de euros, ninguém se pode dar ao luxo de desprezar custos e receitas. O que ajuda a compreender o pragmatismo de Lloyd na hora de saber se os bilhetes de viagem do Hyperloop terão preços competitivos: «É natural que o preço dos bilhetes reflita o facto de se tratar de um transporte três vezes mais rápido que o máximo alcançado hoje pela ferrovia».